Massagem

Massagem

 

Por Maria Eliete Machado

 

Inicio de maio…outono,  período do signo de Touro, da terra. Sua influência é na matéria nos sentidos, nos prazeres…

Antes de começar a ler, feche os olhos por uns segundos e imagine um local tranquilo, harmonizado, embalado por uma música que toca a alma e um perfume no ar na qual aromas massageiam o teu espírito. Sim, é nesse ambiente mental que começo a escrever sobre a “massagem” mais precisamente sobre a sua história que por si só é esclarecedora.

Ao falarmos de massagem, lembramos do estilo grego, romano ou mesmo da massagem tântrica, com seu toque sensual e erótico. Entretanto, a massagem tem suas origens muito antes deste período, podendo já ser encontrada na Mesopotâmia e Egito. Um exemplo, é uma pintura no túmulo de Akmsnthon datado de 2.330 a.C em que a ilustração sugere uma massagem nas mãos e nos pés de dois homens.

Em povos originários presentes na África, Oceania e Austrália, América do Norte, Central e do Sul também possuem referencias a massagem, através da atuação de seus xamãs e medicina. De forma geral, podemos dizer que muitos desses povos partilham a crença de que as doenças se originam nos reinos não físicos, manifestando-se posteriormente no corpo. Pensamentos ou atos cometidos pelas pessoas ou maus espíritos causam a desarmonia tornando necessário remover, limpar e purificar o corpo. Para tanto, são utilizadas ervas, pedras e extratos que juntamente com a massagem, promovem um ritual de purificação. A prática de usar o toque como método de cura esta enraizado na história antiga e muda somente com os costumes e técnica das civilizações.

A Índia antiga traz textos sagrados escritos por sábios que se mantém atuais até os dias atuais. É o caso da Medicina Ayurveda, que em termos históricos foi dividida em quatro períodos: período antigo de 12.000 a 500 a.C;  período clássico de 500 a.C até 1.200 d.C; período medieval de 1.000 a 1.900; e período moderno entre as décadas de 1.920 a 1947. O Ayurveda é a ciência da vida, e seu nome advém de duas palavras sânscritas, ayus, significando “vida”, e veda, significando “sabedoria” ou “ciência”.

A Medicina Ayurveda repassa os cinco elementos básicos: terra, ar, fogo, água e espaço ou éter. Estes elementos são tidos como os formadores do Universo, do qual fazemos parte como um microcosmo do macrocosmo. Estudar as influências destes elementos da natureza no ser humano é um dos objetivos da Medicina Ayurveda. Os elementos se unem em pares e formam os “doshas” que são os humores biológicos atuando na nossa fisiologia. As “doshas” são classificadas como: Vatta – éter e ar, Pitta – fogo e água e Kapha – água e terra.

Nesta perspectiva de medicina, o processo de doença começa com o desequilíbrio do dosha influenciado por fatores externos e internos. Uma das formas para restaurar o equilíbrio na Ayurveda é o uso da massagem acompanhada de elementos como óleos medicinais, pedras preciosas, minerais e metais. Nesse processo, diferentes técnicas são utilizadas, tais como terapias purificadoras, a oleação, a sudação, a geoterapia, a cromoterapia, dietas, yoga e meditação. Assim, estabelece-se uma abordagem integral, visando sempre à harmonia de forças em que a massagem é considerada uma ferramenta terapêutica e parte da medicina.

No período clássico época de Buda, a Ayurveda é difundida pela Ásia Central e no Oriente, pelo seu discípulo Nagarfuna, um conhecedor das ervas e metais e suas transmutações. Hoje a tradição da Medicina Ayurveda concentra-se no sul da Índia e ganhou força no Brasil a partir dos anos 80. O método busca a harmonia consigo mesmo nos planos físico, mental, espiritual e emocional e em relação à natureza e os seres nela existente.

Já a Medicina Tradicional Chinesa, está fundamentada sobre o conceito do Qi (Chi) ou energia vital. O Qi é considerado como a energia primordial que dá vida a matéria, representa toda a energia que está presente na natureza e seus elementos. De certa forma, comparte da mesma perspectiva de interação entre o macro cosmo e microcosmo da Medicina Ayurveda.

Nossos corpos possuem medidas em que o Qi circula através de canais chamados meridianos. Os sábios reconheciam que a função do Qi era regular ou equilibrar os opostos, as forças de ação e reação, mental e física. Estes opostos são chamados de Yim (feminino/frio) e Yam (masculino/calor). Os primeiros registros acerca desta teoria do Taoísmo, Yin e Yang e os cinco elementos está contida na segunda sessão do livro de Huan Di Nei Ying – Imperador Amarelo “Lingshu – The Vital Axis”. O livro na realidade foi escrito por vários autores e creditado ao Imperador Amarelo no segundo século a.C. e revisado no período 206 a.C. – 25d.C.

Os chineses estudaram os fluxos das energias Ying e Yang através dos meridianos e observaram como as energias de vida se conectavam e nutriam os órgãos, fluidos corporais, sangue, linfa e hormônios. A massagem chinesa foi desenvolvida abrangendo os aspectos físicos, musculares, emocionais e espirituais em conexão com o todo. Um exemplo, é a Tui Na, uma massagem chinesa, muito difundida no Brasil por Liu Pai Lin.

An ma é outro sistema de cura com mais de 5mil anos de origem e se refere aos fluxos das cinco substâncias essenciais: Qi – energia, Ying essência, Shen – espirito, Xue – sangue e Yin-yel – os fluidos corporais. As suas técnicas incluem pressionar, esticar, percussão usando polegares, dedos, braços, cotovelos, joelhos e pés em pontos de acupuntura ao longo dos 14 meridianos. Esta técnica foi levada ao Japão no ano 1.000 a.C. por monges que estudavam o budismo na China. A técnica do An ma (push-pull) busca estabelecer a harmonia e o fluxo das cinco substâncias. Os japoneses usam uma técnica com partes de pressão similares que chamaram de Tsubo. O Shiatsu vem desta antiga prática significando atsu=pressão e shi=dedos. Em 1912, Tokujiro Namikoshi inicia o Shiatsu primeiramente chamado de Appaku.

Em outra vertente cultural, a massagem tailandesa tem origem em 2.500 a.C, deriva da Ayurveda Indiana e parece ser uma mescla das massagens indianas e chinesas, sendo o Doutor Jivaka Kumara Bhaccha, um contemporâneo de Buda o referido criador desta massagem. Dizem que ele recitava sempre um mantra, na língua sagrada antes de iniciar a massagem para iluminar a alma. Portanto, em todas estas culturas a massagem esteve integrada na medicina como uma arte de cura que envolve o ser humano como um todo, e não apenas o corpo físico. Os babilônicos, egípcios e árabes também usaram a massagem, tendo a palavra massagem sua origem no árabe como “mass” ou “mass´h” que significa pressionar suavemente.

Hipócrates, o mais importante médico grego, escreveu em 460 a.C “O médico deve ser experiente em muitas coisas, mas seguramente em esfregar”. Ele e seu professor Heródoto acreditavam no potencial da massagem, sua visão era de estabelecer a relação entre o macro cosmo e o microcosmo com ênfase na relação entre o aspecto anímico-espiritual e o corpóreo. Houve posteriormente uma transformação na arte da cura e essa manifestação deu-se também na massagem e na ginástica. O cuidado com o corpo na Grécia toma um caráter terapêutico universal, utilizando movimentos ativos e passivos, fundamentados em atos de fricção forte e suave com frequência intensa e moderada, realizadas como exercidos em ginásios.

Os romanos seguiram os ensinamentos de Hipócrates e propagaram os banhos públicos gregos em casas específicas para tal fim, na qual a massagem era o ápice do ritual. Nestes processos, há uma serie de procedimentos que até hoje são realizados em Spas tais como: sala de despir, sala de óleos e massagem, sala de exercícios (ginásio), sala de banho quente (calidarium), sala de vapor (tipidario), sauna, sala do banho frio (frigidarum) e piscina. Para os romanos, a massagem tinha ação tônica auxiliando a aliviar músculos doloridos e duros e restabelecendo o fluxo da circulação. Os ensinamentos de Hipócrates seguiram por toda a Historia Romana. Galeno, um médico greco-romano, escreveu vários livros falando da massagem como arte de cura. Estas práticas seguiram sendo realizadas mesmo após a queda de Roma e chegando até a Idade Média quando o cristianismo emerge.

No século VIII e IX, há uma nova influência vinda do mundo árabe e a medicina passa a ser baseada em ciência comprovada e com o cristianismo que, tendia a ver tudo que se relacionava com o corpo como pecaminoso, as massagens caem em desuso.

É somente nos séculos XVIII e XIX que a massagem retorna através de um ginasta, Pehr Henrik Ling. Devido a problemas de saúde, distúrbios reumáticos, Ling estuda formas de curar-se e passa a se dedicar ao estudo da ginástica e da massagem. Estudou um sistema de movimentos simples e duplos, inovadores na área terapêutica. Ling acreditava que haviam três formas básicas, dinâmica, a química e a mecânica, que produziam a diversidade das manifestações da vida a partir de sua interação recíproca. Além de ter escrito alguns livros, Ling foi fundador do Instituto Estatal de Estocolmo em 1813 e alcançou fama espalhando discípulos que ajudaram a difundir a ginástica terapêutica e a massagem sueca.

Não podemos deixar de mencionar também o casal dinamarquês Emil e Estrid Vodder que criaram a drenagem linfática em 1932 e Albert Ledur, aluno do casal que posteriormente aprofunda o estudo e criando seu próprio método. Após a Segunda Guerra Mundial, aos poucos a massagem terapêutica retoma seu lugar. Estudos são aprimorados e, em especial após a década de 1970, as massagens retornam com força juntamente com outras práticas orientais que se baseiam em uma perspectiva de integração entre o mental, o emocional e o espiritual.

Atualmente no Brasil as técnicas de massagens como Shiatsu, Tai Na, Ayurveda, Pedras Quentes e Frias, Drenagem Linfática e massagem relaxante são comumente praticadas. Todas estas técnicas promovem não só uma liberação dos músculos, mas também combatem stress, ansiedade, tensão e outros desequilíbrios físicos.

Portanto, aproveite as energias de Touro e seu regente Vênus e permita-se momentos de prazer e relaxamento com uma boa massagem. Este momento pode ser proporcionado por um terapeuta ou por você mesmo em uma automassagem. Sente, respire e toque suavemente seus dedos, suas articulações com movimentos circulares e depois puxe suavemente. Pressione em círculos pontos importantes na palma de sua mão, massageando suavemente. Faça os movimentos em cada uma das mãos. Finalize com movimentos suaves de deslizamento como passar uma mão por cima da outra, repetidas vezes. Por fim, tire 5 minutos para permanecer de olhos fechados sentido a energia fluir através de você e para você. Lembre-se que você pode utilizar um óleo de sua preferência para potencializar os benefícios de sua massagem.